Cecília Meireles
Máquina breve - Cecília Meireles
O pequeno vaga-lume
com sua verde lanterna,
que passava pela sombra
inquietando a flor e a treva
— meteoro da noite, humilde,
dos horizontes da relva;
o pequeno vaga-lume,
queimada a sua lanterna,
jaz carbonizado e triste
e qualquer brisa o carrega:
mortalha de exíguas franjas
que foi seu corpo de festa.
Parecia uma esmeralda
e é m ponto negro na pedra.
Foi luz alada, pequena
estrela em rápida seta.
Quebrou-se a máquina breve
na precipitada queda.
E o maior sábio do mundo
sabe que não a conserta.
"Se em um instante se nasce e um instante se morre, um instante é o bastante pra vida inteira."
Cecília Meireles
Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui.
Cecília Meireles